Bernardo pensava sobre as quatro verdades nobres do budismo enquanto transava com Rita, sua namorada desde os tempos da faculdade. Não é que faltasse amor, ele apenas buscava conciliar sua busca pela cessação do sofrimento com a necessidade viver o sansara.
A ritmo do vai-vem, as respirações ofegantes, o cheiro de incenso e secreção misturado ao suor, tudo empurrava-no num frenético e sacerdotal.
Repentinamente, Rita, aquela beldade pequenina e loura de pés delicados interpela seu consorte:
- Me bate!
- Ahh...
- Me bate!
- Oquê?
- Me bate porra!
Desnorteado, Bernardo retorna das nuvens por onde flutuava.
Por que eu iria te bater?
Sei lá! Me bate ora!
Fazia tempo que não conversavam. Talvez fosse isso, cada um encimesmado com o próprio ego, sem, partilhar seus desejos mais profundos...
Porra Bernardo, faz o que eu quero: me bate, me chama de puta!
Nessa hora, já se movimentando apenas devido à energia cinética acumulada, Bernardo tem o que lhe parece um insight:
- O desejo leva ao sexo, que leva ao nascimento, que é a causa de todo sofrimento. O sofrimento é a essência da purgação do karma, o caminho para a iluminação. Introduzir o sofrimento no sexo é o caminho mais curto para o nirvana!
Nesse instante Bernardo desfere um soco com toda força nas costelas de Rita.
Rita se contorce e diz:
- Porra Bernardo, que merda é essa!
Sem lhe dar ouvidos, Bernardo começa a cobri-la de porrada.
- Ai, pára!
Nesse momento, Bernardo já estava absorto em outro plano existencial, continua distribuindo a esmo uma série de socos e pontapés contra sua amada. As doze horas em ponto Bernardo retorna a esse mundo a sua frente vê Rita, sua cara inchada e molhada de lágrimas e um soluço intermitente de criança ecoando no quarto.
O garçon não traz seu comment?! Comenta aqui!!...
Mais uma dose do Anônimo, no balcão às: 01:07
