Os ares mudam e você começa a sentir as pequenas grandes diferenças de não estar mais no seu habitat natural. Os grandes sociólogos dizem que o ser humano se molda à sociedade na qual ele vive. Nada de criativo nisso, Darwin falava isso, em esfera mais ampla há muito tempo atrás. Mas esse blablabla quase sério é só a introdução da constatação da verdade. (me senti quase um Arnaldo Antunes agora) : Aqui sou o forasteiro, e sendo forasteiro tudo é visto de maneira diferente. As pessoas sempre tratam alguém de fora de forma diferenciada (para o bem e para o mal) e isso chega a ser cômico. E tenho quase certeza de que, andando por lugares acanhados daqui, só não fui abordado com intuito de roubo porque sou negão e tenho 1,80m, e ser negão e ter 1,80m ainda é algo universal. Ser forasteiro é ver a água brilhando com o reflexo do sol e as pontes traçadas delicadamente sobre o conjunto de ilhas que formam Recife. É muito especial. Mas também é não estar sentado nas pedras do Arpoador para ver o pôr-do-sol caindo atrás dos Dois Irmãos, de forma suave e com direito a palmas do posto 8 ao 10. (É o pôr-do-sol em faixa urbana mais bonito do mundo). Eu nunca disse que poderia ter tudo, disse?
Não estou melancólico não. Saudades só da família e dos amigos, não do modus vivendi. É muito bom depois de um dia cheio poder dar um beijo na mulher que escolheu ficar com você pro que der e vier. Como diria o grande filósofo Master Card: "Não tem preço"
Almoçando em um excelente barzinho/restaurante do Recife (75, muito bom por sinal), vi a cena da tentativa de um assalto, na mão grande. A potencial vítima se virou e empurrou o ladrão, que ameaçou puxar algo e não puxou. Se fosse no Rio, os transeuntes encheriam o ladrão de porrada, a polícia encheria o ladrão de porrada, e o traficante da área encheria o ladrão de porrada pra ele deixar de ser idiota e não assaltar em uma via movimentada ao meio-dia(tem gente que é estúpida). Recife é mais violento que o Rio? Claro que não, são violências diferentes, mas o forasteiro Art® sente falta de olhar pro morro e saber onde deve pisar. A grande diferença é que o crime do Rio é setorizado e organizado, e sabe que se fizer muita merda no asfalto o calo aperta. Será que o crime no Recife precisa de um sindicato?!
Ah, Recife é uma cidade linda, linda mesmo. Mas Olinda tem um algo de místico que arrebata.

Tralalá da Semana, ouvido na rádio... tranquilamente
Arrastando Maravilhas
Marcela Biasi
Eu não tenho muito, quase nada
Só a sombra do meu corpo sobre a estrada
Misturada a galhos secos
Eu só tenho becos e perguntas
Minha alma e minha culpa dormem juntas
Eu não tenho frio nos meus versos
Mas também não sei dos outros universos
Que carrego paralelos
Eu não tenho elos, nem correntes
Meus fantasmas sempre foram diferentes
Eu não tenho ilhas num tesouro
Um lugar em casa para o desaforo
Nem espaço pra lamento
Eu não tenho vento que me pegue
Nem diabo que me agüente ou me carregue
Eu tenho convites e te chamo
Minha natureza está no que eu te amo
Mesmo nesse mundo louco
Eu só tenho pouco tempo, agora posso esperar
Mas não demora
No silêncio do vazio
Arrastando maravilhas
Nem vertigem, nem limites
Daqui a pouco é outro dia
Aloha!!! (publiquei quinta pra entrar na anarquia deste espaço!)
O garçon não traz seu comment?! Comenta aqui!!...
Mais uma dose do Art, no balcão às: 11:59
