Entre as quatro paredes da tua biblioteca mora a tua alma, sufocada pelo mofo dos teus livros. Será que você, homem letrado, tem consciência de que o mundo ao teu redor te engoliria caso resolvesses ir até a padaria? Claro que sim, e é por isso que te escondes.
Nem para comprar um café numa loja da moda serves. Escolhes uma roupa estranha, derrama na mesma o líquido quente. Ages como uma criança.
Tua sepultura foi caiada com toneladas de celulose. Melhor seria se houvesse preservado as árvores dessa matança inútil.
Para que? Para tornastes mais chato, pedante, arrogante? Por que não poupastes as árvores. Você, nem às traças se equipara, elas ao menos consomem a folha por necessidade, questão de sobrevivência. E tu, para que viras as páginas? Para matar teu tempo, para se livrares do ócio cáustico das hora em branco?
Senta, medita, talvez ainda haja chance de fazeres algo.
PS: Amo os livros, porém concordo com Spinoza e acredito que o desenvolvimento de todas as potencialidades de um ser humano é fundamental. No momento estou aprendendo a escalar. Acho que exagerei, é mais seguro aprender crochê...
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A mesa do bar está realmente sintonizada. khalil vem tentando olhar para si mesmo e já planejava abrir aos visitantes do bar suas perplexidades frente aos próprios sentimentos. O primeiro deles seria justamente o amor, mas parece que o colega Del Samba já introduziu o tema... Sem falar no Guiba, que também anda confuso com a dinâmica das relações.
Então pergunto aos demais, o que é o amor?
Soneto
Luís de Camões
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce e é piedoso;
Quem o contrário diz não seja crido:
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens e inda aos deuses odioso.
Se males faz Amor, em mi se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
Mas todas suas iras são de amor;
Todos estes seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.
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Vênus invadindo o reino dos cupidos
William Bouguereau
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Khalil está triste, pois o desejo de Alá não foi o de que ele pudesse seguir a viagem ao lado de sua amada Sherazade.
Khalil continua seguindo só pelo deserto. Mas tenta entender que os desígnios de Alá apenas por ele podem ser completamente entendidos. Cumpre-nos nessa terra apenas aceitá-los, quando tudo mais foge ao nosso alcance.
O garçon não traz seu comment?! Comenta aqui!!...
Mais uma dose do Anônimo, no balcão às: 11:41
